Imagem: Foto de Karolina Grabowska no Pexels/Reprodução

Saúde

Covid-19: Saiba como cooperativas de saúde estão lidando com a crise sanitária

A pandemia causada pelo novo coronavírus traz série de desafios às cooperativas de saúde. Crise tem levado segmento a se reinventar para atender à alta na demanda

Nesta pandemia de coronavírus, as cooperativas de saúde brasileiras vêm sendo desafiadas devido ao forte aumento na demanda por serviços em saúde. Com o impacto da crise sanitária, muitos profissionais da saúde tiveram que aumentar suas cargas horárias, ingressando em uma rotina mais insalubre e desafiadora. A compra de insumos e outras demandas hospitalares também passam por mudanças constantes. Para atravessar o difícil período, cooperativas e profissionais investem em inovação.

Segundo aponta Clara Maffia, gerente técnica e econômica do Sistema OCB - Organização das Cooperativas do Brasil, a principal consequência da pandemia para as cooperativas vem sendo a ampliação do atendimento. “Destacamos o teleatendimento implementado, em especial, por cooperativas médicas. Foi uma das principais alternativas para manutenção do atendimento, feito com qualidade e segurança”, destaca. A gerente ressalta que as leis e normas que possibilitaram esse tipo de atendimento contaram com a colaboração do cooperativismo de saúde e do Sistema OCB.

O médico José Fernando Macedo, que é diretor de defesa profissional da Associação Médica Cearense (AMC), pontua que a pandemia trouxe aos profissionais da saúde uma alteração considerável na rotina. “O atendimento distante, a chamada telemedicina, que já vinha sendo discutida antes, passou a ser uma realidade. Ainda estamos nos adaptando, mas acredito que esse novo jeito de atender vai ser incorporado à rotina médica mesmo depois da pandemia.”

Macedo afirma ainda que, assim como ele, colegas que atuaram e atuam na linha de frente do combate à Covid-19 passaram e passam por situações muito difíceis, pois todos estavam diante de uma doença inesperada, desconhecida e imprevisível. “Nenhum hospital e profissional de saúde estava preparado para isso. Mas é na adversidade que nos tornamos mais fortes e criativos. Neste momento, sabemos muito mais sobre esta doença do que no começo.” Além da área médica, outras cooperativas formadas profissionais da saúde atuam no enfrentamento da pandemia, como enfermeiros, técnicos em enfermagem, radiologistas, fisioterapeutas, etc.

Maiores desafios do setor

Enfrentar uma doença desconhecida com um suporte técnico não preparado para uma pandemia foi, segundo Clara, o maior desafio de todo esse período. Além disso, para cooperados de odontologia, o fato de seus atendimentos terem tido uma queda também gerou angústia. “Esses profissionais tiveram queda nos seus atendimentos, contrataram empréstimos, anteciparam produções e se adaptaram para utilização de novas tecnologias de atendimento.”

Em 2020 foi realizado um diagnóstico do Ramo Saúde. “Através dele foi verificado, por exemplo, que houve um aumento relevante nos custos dos insumos, uma diminuição nos procedimentos eletivos e dificuldades nas negociações para reajuste dos planos contratados pelas empresas”, pontua a gestora, afirmando que esse diagnóstico representa os desafios atuais e vindouros para o cooperativismo.

Apesar dos transtornos, a gerente garante que o modelo corporativo contribuiu para que os profissionais enfrentassem melhor as adversidades. Também a atuação coordenada das cooperativas e a sinergia entre as singulares, federações e confederações contribuíram para o gerenciamento da crise. 

“Respostas locais, como hospitais de campanha e ampliação de leitos, foram reforçadas com atuações de federações e de confederações, por exemplo, na revisão de fluxos do intercâmbio que existe entre as cooperativas, em compras coletivas de EPIs e em cursos de capacitação em telemedicina. Muitas dessas ações também foram apoiadas pelo Sistema OCB e por suas unidades estaduais.”

Cooperativa de saúde no Brasil

Há mais de 50 anos as Cooperativas de Trabalho de Saúde existem para garantir que profissionais da área tenham seus direitos garantidos e seus deveres alinhados. Elas estão presentes em 85% dos municípios do país e atendem a cerca de 25 milhões de brasileiros. 

No Brasil há 783 cooperativas de saúde que se dividem em cooperativas operadoras de planos de saúde (médicas e odontológicas), prestadoras de serviço (médicas e odontológicas), cooperativas de trabalho médico, de especialidades e as formadas por outros profissionais da saúde, como por exemplo, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagens, dermatologistas, terapeutas ocupacionais, oftalmologistas, pediatras, psiquiatras, dentre outras.

Clara Maffia conta que há cerca de 276 mil cooperados e que há vantagem para quem faz parte da organização. “Cerca de 30% dos médicos brasileiros atuam através do sistema cooperativo e as cooperativas odontológicas pagam, em média, 40% a mais para seus dentistas cooperados quando comparadas com as operadoras odontológicas não-cooperativas.”

Além disso, Clara destaca que o número de empregos gerados pelo Ramo Saúde teve um aumento. Em 2010, por exemplo, eram 57 mil empregados diretos. Em dados de 2019 (último disponível), já eram mais de 108 mil. Contudo, esse número tende a aumentar. “Esse número, com toda certeza, será ainda maior em 2020, uma vez que as cooperativas reforçaram suas estruturas de atendimento para o enfrentamento da Covid-19.”


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