Conjuntura

G20 e o Cooperativismo: uma aliança para um desenvolvimento sustentável e inclusivo

O G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, desempenha um papel crucial na governança global, abordando temas econômicos, sociais e ambientais de relevância internacional. Paralelamente, o cooperativismo, movimento baseado na colaboração e na autogestão, representa uma forma de organização econômica que promove a inclusão social e o desenvolvimento sustentável. Este artigo explora como o G20 e o cooperativismo podem unir forças para enfrentar os desafios globais, impulsionando um crescimento mais equitativo e sustentável.

O G20 e seus desafios

Desde a sua criação em 1999, o G20 tem abordado uma ampla gama de questões, desde a estabilidade financeira e o combate à desigualdade até à mitigação das mudanças climáticas. Em um contexto de crise global, como a pandemia de COVID-19 e a crescente emergência climática, os membros do G20 têm sido pressionados a buscar soluções que vão além das abordagens tradicionais de mercado e promover a equidade social.

Apesar das intenções declaradas de promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo, muitas vezes o grupo enfrentou críticas por não atender às expectativas em termos de impacto social e ambiental. Neste cenário, as cooperativas se destacam como exemplos práticos de modelos econômicos que conciliam eficiência e responsabilidade social.

O Cooperativismo: valores e potencial

As cooperativas são associações independentes de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer aspirações econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade conjunta e democraticamente administrada. Baseadas em princípios de participação democrática, autonomia e compromisso com a comunidade, as cooperativas têm um papel fundamental na promoção da inclusão financeira, na criação de empregos de qualidade e na redução da desigualdade.

O impacto das cooperativas é notável: segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), existem cerca de 3 milhões de cooperativas no mundo, que sustentam mais de 280 milhões de empregos. A organização também diz que 1 em cada 7 pessoas no mundo está associada a uma cooperativa. Com uma abordagem que prioriza o bem-estar coletivo sobre o lucro individual, as cooperativas oferecem um modelo resiliente, especialmente relevante em tempos de instabilidade econômica.

A convergência entre G20 e Cooperativismo

O G20 tem, em vários agradecimentos, reconhecido a importância de práticas que levam ao desenvolvimento sustentável. Contudo, incorporar princípios cooperativistas em suas políticas poderia potencializar essa abordagem, promovendo uma economia global mais solidária e equitativa.

As áreas de convergência entre o G20 e o cooperativismo incluem:

Empoderamento econômico e social: as cooperativas são atores-chave na promoção do desenvolvimento local e na redução das desigualdades. O G20 poderia promover políticas que incentivassem a criação e expansão de cooperativas, especialmente em setores como agricultura, serviços financeiros e energia renovável.

Sustentabilidade ambiental: as cooperativas demonstram um compromisso com práticas sustentáveis, adaptando modelos de negócios que respeitam o meio ambiente e promovem uma economia circular. Alianças estratégicas entre os membros do G20 e as organizações cooperativas poderiam facilitar a transferência de tecnologias verdes e o financiamento de projetos ecológicos.

Criação de empregos de qualidade: a natureza participativa das cooperativas garante que os trabalhadores tenham voz ativa na gestão e na distribuição de lucros, resultando em empregos mais lucrativos e com condições mais justas. O G20 poderia incluir o fomento ao cooperativismo em suas políticas de geração de emprego, especialmente em economias emergentes e em setores afetados por transformações tecnológicas.

Exemplos práticos e casos de sucesso

No Canadá, as cooperativas de crédito desempenham um papel importante na inclusão financeira, oferecendo serviços que são muitas vezes inacessíveis por meio dos bancos tradicionais. Na Índia, as cooperativas agrícolas foram essenciais para garantir que os agricultores obtivessem acesso aos mercados, aprimorem sua produção e aumentem sua renda. Esses exemplos ilustram como as práticas cooperativistas podem ser aplicadas de maneira eficiente em diferentes contextos, promovendo o desenvolvimento inclusivo.

O G20 e o cooperativismo compartilham a visão de um mundo mais equilibrado e próspero, onde o crescimento econômico seja acompanhado de justiça social e preservação ambiental. Integrar os princípios do cooperativismo nas agendas do G20 pode representar uma evolução significativa na busca por soluções que promovam o bem-estar coletivo e a resiliência das economias globais.

Fomentar a cooperação entre governos e iniciativas cooperativas pode ser uma chave para enfrentar desafios globais como a desigualdade econômica e a crise climática. Somente por meio de ações conjuntas, que priorizem valores como solidariedade e sustentabilidade, será possível alcançar um futuro mais justo e próspero para todos.

 

*Benedito Machado é jornalista, gestor de Marca, editor-chefe do portal de notícias Coopere Mais e CEO da Verso2 Comunicação - verso2comunicacao.com.br


Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site.


Ajude a plataforma Coopere Mais
Clique no botão "doar" e faça sua doação com PayPal

ou via Pix 20.603.847/0001-78

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página.

Leia todos os artigos >

Clique aqui e receba notícias pelo WhatsApp