Sociedade
Dia internacional da visibilidade trans: Dias de Glória e dias de luta a favor dos direitos e da cidadania trans!
Por muito tempo, a existência da comunidade transexual foi invisível para as políticas públicas, tendo seus direitos básicos humanos desrespeitados, sendo alvo de discriminação, preconceito, violências físicas, verbais, psicológicas. O dia internacional da visibilidade transexual tem o objetivo de chamar atenção para as demandas desta comunidade, além de comemorar a existência trans, evidenciando as conquistas, as representações da comunidade trans, mostrando a luta diária dessas pessoas, bem como apontar os desafios e as dificuldades que a população transgênero enfrenta, estereótipos, estigmas e outras violências sofridas pelos corpos trans, por exemplo. As pessoas trans, por séculos, foram invisíveis para nossa sociedade, sem acesso à educação ou à saúde; excluídas socialmente, viveram à margem, sofrendo inúmeras violências e vivenciando na pele uma vulnerabilidade social extrema. Em 2009, no dia 31 de março, a ativista transgênero Rachel Crandall institui uma campanha em território americano para celebrar a existência de pessoas transgênero e sensibilizar a sociedade acerca da discriminação e da transfobia diariamente enfrentadas por essas pessoas, deixando visíveis as marcas psicossociais de destruição causadas pela violência, tanto simbólica quanto física, destinada aos corpos trans, o que se configura como transfobia. Posteriormente, após alguns anos, tal evento ganhou proporções globais e ficou reconhecido como o Dia Internacional da Visibilidade Trans.
Este é um dia de luta por representatividade, equidade e respeito, no qual celebramos a diversidade das identidades de gênero – isto é, de todas as pessoas trans, binárias ou não-binárias –, as conquistas alcançadas, os direitos adquiridos, a liberdade de ser quem se é, independentemente dos padrões cisnormativos. Esse dia torna evidente a experiência humana que transborda a caixinha social da cisheteronormatividade e mostra o que está para além das convenções construídas socialmente que restringem e distorcem a variedade das identidades de gênero. A criação desta data foi uma reação à falta de compromisso social em relação aos direitos das pessoas trans e é comemorada globalmente, desde 2014, ganhando cada vez mais notoriedade e espaço.
A importância do dia internacional da visibilidade trans está na partilha global de dificuldades e desafios das pessoas trans em diferentes contextos culturais. A Visibilidade Trans evidencia a existência, a valorização e a integração de todas as pessoas trans, cuja luta visa a construção de uma sociedade mais justa, diversa e igual, contrária a todas as formas de transfobia! Mais importante de todas essas pautas é a luta pela sobrevivência e, no Brasil, isso toma outras proporções, pois somos, infelizmente, o país que mais mata pessoas trans no mundo. Por isso, essa data lança luz sobre a existência das pessoas trans, que estão no mundo desde sempre, enfocando a necessidade de mudar o retrato social com a esperança de romper o ódio à diferença trans.
Essa data relembra todos os percursos que pessoas transgênero viveram para que hoje exista o reconhecimento da dignidade humana da pessoa trans, garantindo a esta população o direito à saúde, à educação, ao trabalho, ao nome e à vida! Isto é, oferecer a possibilidade atual de pessoas trans terem a liberdade de transitar em espaços sem discriminação ou preconceito, garantindo inclusão social. É um dia memorável, que chama atenção para as bandeiras, as demandas, os desafios e as vulnerabilidades desta população, reiterando a necessidade constante de luta pelos direitos das pessoas trans! Além disso, é dia de evidenciar a necessidade de mudanças estruturais em nossa sociedade, fundamentais para que pessoas trans possam existir sem ter suas vidas ameaçadas pelo simples fato de serem trans! Colocar luz sobre a luta das pessoas trans por cidadania e direitos é visibilizar a importância das vidas trans e mostrar que crimes contra a vida, como a transfobia, não serão mais tolerados. Nenhuma vida trans a menos! Seguiremos lutando pelo direito à vida, à diversidade humana e à liberdade com a esperança de dias melhores.
*Gabriela Benigno - CRP 11/10473, psicóloga clínica e hospitalar, cooperada da Cooperativa de Trabalho dos Psicólogos do Estado do Ceará (COOPSIC).
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