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Cooperativa de motoqueiros fundada na década de 90 mantém crescimento, planeja expansão e diz não à aplicativos de entrega
Em meio a ampla competição entre big techs para a conquista de espaço nos serviços de delivery, uma cooperativa gaúcha de motoqueiros autônomos se destaca por se manter sólida no mercado há duas décadas, com crescimento no volume de serviço em 2021 e optando por manter a própria operação sem aplicativos.
A Buscar Express, legalizada e regularizada junto à OCERGS (Organização das Cooperativas do Estado do RS), atua desde janeiro de 1999 em Porto Alegre e declara ter como objetivo gerar melhores condições de trabalho para os cooperados e garantir maior justiça na remuneração, em um esquema de autogestão com alternância entre os membros do Conselho de Administração.
No total, a equipe é composta por mais de 500 profissionais, que atuam em revezamento de turnos — 11 às 15h e 18:30h às 00h, com possibilidade de expansão de horário a depender da demanda. Dentre as empresas que a cooperativa oferece serviços há mais de dez anos, estão grandes players do mercado, como a Petiskeira e a China in Box. No total, a Buscar afirma que é responsável por uma média de 9 mil entregas por dia.
Além dos motoqueiros, há uma base consistente para garantir a realização do serviço dentro do prazo prometido. No caso de problemas no transporte ou situações semelhantes, a própria organização se responsabiliza por prestar a assistência devida e oferece uma alternativa de reposição para o cliente.
Na estrutura da cooperativa, as atividades são divididas por bases, sendo cada uma destas organizadas por um gestor. Além disso, há um gerente que organiza a operação e fica responsável pelos motoqueiros e, no caso de regiões mais extensas, também há um supervisor de área. Com isso, é criado um mapeamento logístico para a realização das entregas, com variação de taxas para o consumidor a partir da distância.
Na Buscar Express, além da Assembleia Geral Ordinária, são realizados mini encontros quinzenalmente, abertos a todos os cooperados, para se discutir as ações de curto prazo. De acordo com Cristian Seadi, diretor comercial da Buscar Express, a transparência e o compromisso em escutar ativamente todas as partes são pontos essenciais para a aceitação coletiva pelo formato de cooperativa.
“Ao longo do processo, nós identificamos que o processo de cooperativa era muito benéfico para todas as partes envolvidas. Esse sentimento de pertencimento, de ser dono do próprio negócio e dividir os lucros de forma justa faz que o pessoal vista mais a camisa. Esse modelo encaixou muito bem e até hoje funciona perfeitamente. Nós conseguimos oferecer para o profissional uma segurança importante e para o consumidor oferecemos um serviço de extrema qualidade”, afirma.
O cooperado também possui uma garantia mínima de ganhos e uma série de benefícios, como seguro de vida, seguro de moto (incluindo casos de roubo), acidente contra terceiros, incapacidade temporária, plano de saúde e odontológico, entre outros. Além disso, são ofertados cursos e palestras para todos os cooperados, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento pessoal e profissional dos mesmos.
Cristian aponta que não vê com preocupação a concorrência dos grandes players do mercado e aponta que a intenção é preservar a operação da forma que está, sem incorporar aplicativos, diferentemente de parte importante das empresas que atuam no mesmo segmento.
“Vimos que, na prática, o aplicativo não mudava muito a qualidade do serviço prestado. A necessidade do fornecimento da tecnologia embutida no serviço era muito mais pelo cliente que tinha problemas com relação ao delivery e desejava saber onde o motoqueiro estava. Entendemos que, uma vez que o serviço era bem feito, essa necessidade da tecnologia diminuia”, aponta. Cristian reforça que testes foram realizados e que, com o aplicativo, também seria gerada maiores complicações para os profissionais, ao exigir que estes tivessem a necessidade de utilizar smartphones e dados móveis.
Movimentações que fogem ao sistema tradicional estão sendo adotadas, inclusive, no exterior, com o objetivo de subverter a lógica da dita “gig economy”. Na pretensão de oferecer melhores condições aos trabalhadores, a CoopCycle — federação que agrega 30 cooperativas de entregas na Europa e América do Norte — atua com o objetivo de tornar mais fácil o acesso a soluções para os profissionais que pretendem sair dos aplicativos tradicionais e montar suas próprias organizações.
Ao compartilhar de forma gratuita ferramentas como software, aplicativos, mapeamento, bem como difundir o know-how de operações e incentivar o networking entre pares, a organização incentiva maior justiça nas relações entre milhares de profissionais. A iniciativa já vem sendo estudada por algumas organizações brasileiras de entrega e há planos de tradução do aplicativo utilizado para a língua portuguesa.
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